A descrição que você me passou no dia que ocorreu a quebra foi... "
motor ligado esquentando mas a bike só no embalo. Quando resolvi acelerar já quase na Academia Oceanica, percebi o problema. Eu acelerava mas a gente nao andava. Era como se as correntes internas da Clucth Box nao estivessem mandando força pra corrente Havy Duty."
O que posso entender lendo a sua narrativa é que a motorizada estava na "banguela" (descendo a rua com o motor em marcha lenta, logo com os pads sem encostar na campânula ou o mesmo que uma caixa de marchas desengrenada) para que esquentasse o motor.
Quando a motorizada foi acelerada ainda em movimento e em um suave declive a repentina conexão entre os pads da embreagem e a campânula foi demasiadamente forte no momento da aceleração e com isso ouve o rompimento da mesma.
Pesquisando sobre o ocorrido em meus guardados posso te dizer que não é um problema comum ou recorrente considerando que de mais de 1300 kits (
estimativa minha) 4 tempos apenas 4 apresentaram este tipo de problema o que dá uma média de uma quebra para cada 325 kits 4T. Considerando ainda que destas quebras duas ocorreram com a mesma pessoa a média cai ainda mais pois na verdade seriam 1300 / 3 (clientes) = 433,3. Ou uma campânula quebrada a cada 433 kits 4T instalados.
Ao pilotar uma motorizada de 4 tempos é perceptível logo na arrancada o grande torque do motor. Como sabemos o conjunto de 3 pads reage à aceleração e a própria força centrífuga gerada pela aceleração (por isso embreagem centrífuga) indo de encontro à campânula. Neste momento os pads funcionam como sapatas de freio fazendo com que a campânula seja travada e gire junto. Literalmente trava o sistema.
Numa situação como a descrita em que o conjunto encontrava-se em marcha lenta e repentinamente foi acelerado a variação de velocidade entre o eixo do motor (onde os pads estão fixados) e a roda traseira podem causar um tranco e este tranco causará o rompimento da campânula. Acredito que o sub-dimensionamento do sistema seja proposital pois do contrário o tranco poderia travar a roda traseira, danificar os pads ou mesmo entortar o eixo do motor ou ainda um dos eixos (primário ou secundário) da clutch box.
Substituição da campânula.
Em primeiro lugar é necessário retirar a porca de fixação da campânula para em seguida soltar a base com rosca da campânula do eixo primário (este da foto abaixo desculpem pelo foco precário).
Quando a porca e a base estiverem fora girar o pinhão em sentido horário olhando para o eixo afim de tentar diagnosticar possível empeno em função do tranco. Se o eixo estiver funcionando normalmente basta atarraxar uma campânula nova no eixo primário, colocar a arruela fresada sobre ela e por fim a porca. Para o aperto final é necessário travar a coroa menor da clutch box. Isso pode ser feito travando a corrente com uma chave de fenda fina entre os elos e apertar a porca de fixação no sentido horário.
Clutch box sem a campânula...
Clutch box com a campânula e a arruela fresada...
Clutch box pronta com a porca de fixação instalada...
É recomendado que o motor seja aquecido com a motorizada parada e não em movimento e isso vale para os kits de 2 e 4 tempos. Também é recomendado que o recurso conhecido como "banguela" seja evitado como nos automóveis de forma a evitar trancos na transmissão. Você tem a "sorte" de ser meu vizinho heheheh então sabe que pode contar comigo em qualquer etapa do processo de retirada e instalação da campânula. Forte abraço